Vitória da Inclusão
Em agosto de 2005, uma senhora, Dona Vitória, filmou, de seu apartamento, cenas da vizinha Ladeira dos Tabajaras, que chocaram o grande público: flagrantes do tráfico de drogas, muitos mostrando crianças e adolescentes com armas nas mãos, se drogando. A “Cidade Partida”, conceito sociológico difundido pelo livro homônimo do jornalista Zuenir Ventura, se revelava graças à proximidade física de morro e asfalto, à peculiar geografia carioca. As imagens foram exibidas em rede nacional, em uma reportagem que, inclusive, mereceu prêmios.
Justamente um ano depois, em agosto de 2006, a apenas 200 metros de onde foi filmada boa parte das cenas, se iniciou uma revolução, tendo o esporte como “arma”, o Projeto Energia Olímpica. Onde antes se enxergavam “tarjas pretas”, agora se pode ver “faixas pretas”, no sentido mais amplo do termo vitória. A filosofia e prática esportivas permitem isso. O esporte é um caminho. A Arte Marcial, enquanto esporte, pode proporcionar medalhas, bens materiais inestimáveis ao atleta, mas, enquanto formação de caráter, provê valores que são bens pessoais inalienáveis, trunfos para toda a vida, para todas as circunstancias da vida.
Logo, podemos afirmar que, em agosto de 2005, Dona Vitória flagrou a derrota da exclusão; um ano depois, em agosto de 2006, o Projeto Energia Olímpica deflagrou a VITÓRIA DA INCLUSÃO (título da matéria de O Globo sobre o Energia Olímpica em novembro de 2006). Uma Senhora Vitória.
Tal experiência nos faz crer que os jovens de comunidades de baixa renda veem, ouvem, sentem o tráfico e o caos dele derivado, mas a esmagadora maioria não é atraída, contaminada, apesar da ociosidade por vezes forçada e dessa condenável vulnerabilidade; enquanto a minoria, talvez precocemente atingida pela desesperança, por um fatalismo claustrofóbico, hermético, ainda pode ser sim resgatada pela sedução do “sentir-se capaz”, pela injeção de sonhos que o esporte torna acessível.
Um autoconhecimento que faz a (re)conexão com suas potencialidades, prepara para assumir a responsabilidade com emoções e desafios; que faz aprender a se desenvolver, aprender a aprender, aprender a se autorregular, aprender a romper “tetos baixos”. Sim, por mais difíceis que sejam as circunstância, esse é um direito de todos os nosso jovens.
Projeto Energia Olímpica
Ladeira dos Tabajaras, 999 – Copacabana, Rio de Janeiro – RJ
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